Aperto.

Sentada aqui... dando nó no fio dental e me sentindo demasiadamente estranha; como não ficava desde a terça de Carnaval. Senti meu coração crescer tanto! Um tanto que não fosse capaz de ficar aqui, guardado no peito. Vai subindo pela garganta, apertado, duro que até me faz perder a voz . Não tem a ver com pessimismo, muito menos com pressentimento. É um sentimento estranho, de vazio. É pior que ódio, eu diria. Por que ódio se sente quando motivado por algum abuso, um erro, um fracasso. Mas isso o que eu sinto não tem fundamento, não tem explicação. É coisa que vem do fundo e parece não ter fim... E o gosto amargo na boca só diz o quanto eu ainda vou me sentir chateada. O nome disso é angústia. Pra mim, a pior das sensações, dos medos. É quando eu páro e me esqueço de quantas coisas boas me cercam. É quando minhas atenções se voltam somente pro meu vazio. Pra falta de amor, de vida, de esperança. É coisa que não desejo, pra mim nem pra ninguém. Talvez seja a solidão. Mas... o que eu precisava, além de umas gotas de felicidade dissolvidas num copo d'água, era a explicação pra tal aperto. Depois de tantas alegrias... por que isso?